A expressão historia magistra vitae est é uma expressão latina cuja origem é
atribuída a Cícero (106-43 a.C), político e
cônsul na Roma Antiga, sugerindo que a “história é a mestra da vida”, isto é,
transmitindo a ideia de que o estudo do passado deve servir de lição para o
futuro. Nesse sentido, diante dos fatos ocorridos na Federação Espírita
Brasileira, desde março de 2015 até o presente, relembra-se aqui alguns
episódios transcorridos na mesma instituição, há cerca de um século atrás. A
partir dessa noção de que a “história é a mestra da vida”, acredita-se que os
fatos ocorridos na gestão de Leopoldo
Cirne (1870-1841), entre 1900 e 1913, assim como os momentos que se seguiram à
sua não reeleição em 1913, possam fornecer elementos para reflexão dos
espíritas, neste momento sério e complicado do movimento espírita no Brasil.
Para sintetizar alguns aspectos ligados à figura de Leopoldo Cirne, enquanto
trabalhador espírita vinculado à FEB, optou-se por transcrever trechos constantes
na Wikipédia:
Tornou-se espírita no Rio de
Janeiro, em 1894, filiando-se à Federação Espírita Brasileira (FEB).
Naquela instituição conheceu Bezerra de Menezes, tendo sido um dos que instaram a que o referido
Bezerra assumisse a presidência da FEB. [...] Em 1897 Cirne
compreendeu que a união do movimento espírita deveria estar acima de partidos.
No ano seguinte (1898) tornou-se vice-presidente da
FEB, vindo a assumir a presidência em 1900, com o falecimento de Bezerra
de Menezes.
Em 1902 renovou
os seus estatutos, instituindo o estudo das obras completas de Allan Kardec como
referência básica daquela instituição, e tendo o cuidado de retirar daquele
diploma a paridade que Roustaing tinha com Kardec nos estatutos anteriores.
Embora Cirne fosse "roustaingista", acreditava que a
divulgação desses conceitos na FEB era motivo de cisão no Movimento Espírita
brasileiro. Esta atitude causou desagrado em alguns membros da FEB.
Em 1904 promoveu
o I Congresso Espírita, em homenagem ao centenário
do nascimento de Kardec, tendo contado com a participação de mais de 2000
pessoas. [...] Ainda em sua gestão, iniciou-se a construção de uma sede própria
para a FEB, inaugurada em 10 de dezembro de 1911.
Cirne se esforçou para
implantar a “Escola de Médiuns” na FEB. Esta visava a educação da mediunidade,
através do estudo sistematizado de “O Livro dos Médiuns”, uma vez que, até então, os
médiuns em geral não possuíam conhecimentos doutrinários. Cirne procurava assim
atender a mensagem que Kardec havia enviado em 1889 aos
espíritas brasileiros, onde esse pedido era formulado. Foi, entretanto,
incompreendido à época, uma vez que os médiuns da FEB não foram receptivos ao
projeto da escola. Por esse motivo, e ainda diante da resistência do setor de
"Assistência aos Necessitados" da casa, que não concordavam com as
inovações propostas, Cirne perdeu a eleição para a presidência em 1913, retirando-se da instituição.
À época, o seu afastamento
voluntário da FEB foi objeto de críticas entre os espíritas, uma vez que Cirne
havia sido discípulo de Bezerra de Menezes e que apenas desejava implementar as
orientações de Kardec ao movimento espírita brasileiro.
Os anos seguintes foram,
entretanto, muito produtivos para Cirne [...]. Em 1935, veio a público o polêmico “Anticristo, Senhor do Mundo”, obra em que Cirne, como um
estudioso e crítico do movimento espírita no país, declara que “influências
maléficas” se apossaram do Movimento Espírita. A sua análise é impiedosa,
rigorosa e plenamente demonstrada por fatos. O subtítulo da obra – “O
espiritismo em falência” –, revela que Cirne no final de sua vida, considerava
o Movimento Espírita desviado de seus princípios originais. Essa visão
apoiava-se na percepção das fragilidades da liderança da FEB, da escassez de
bons médiuns no movimento, na fraca qualidade dos estudos nos centros
espíritas, e na falta de implantação da Escola de Médiuns, passados 46 anos da
recomendação de Kardec.
Conforme
explicou o Espírito Erasto, no item 10 do capítulo XXI de O Evangelho segundo o Espiritismo:
Os
falsos profetas não se encontram unicamente entre os encarnados. Há-os também,
e em muito maior número, entre os Espíritos orgulhosos que, aparentando amor e
caridade, semeiam a desunião e retardam a obra de emancipação da Humanidade,
lançando-lhe de través seus sistemas absurdos, depois de terem feito que seus
médiuns os aceitem. E, para melhor fascinarem aqueles a quem desejam iludir,
para darem mais peso às suas teorias, se apropriam sem escrúpulo de nomes que
só com muito respeito os homens pronunciam.
São
eles que espalham o fermento dos antagonismos entre os grupos, que os impelem a
isolarem-se uns dos outros e a olharem-se com prevenção. Isso por si só
bastaria para os desmascarar, pois, procedendo assim, são os primeiros a dar o
mais formal desmentido às suas pretensões.Cegos, portanto, são os homens que se
deixam cair em tão grosseiro embuste.
Sob
essa perspectiva, seguem abaixo, algumas páginas (p. 255-278) da obra
“Anticristo, Senhor do Mundo: o Espiritismo em falência – a obra cristã e o
poder das trevas”, nas quais Leopoldo Cirne relatou a sua experiência, desde o
momento em que assumiu a presidência da FEB, em função do desencarne de Bezerra
de Menezes, em 1900, assim como os momentos que se seguiram à sua saída da
presidência dessa instituição.
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